A Bíblia e a Maçonaria

História da Bíblia

A relação entre a Bíblia e a História diz respeito à forma como a Bíblia é encara­da de um ponto de vista historiográfico. A Bíblia colectânea de livros escritos em várias épocas na sua maioria por autores anónimos é um livro considerado sagrado por grupos ocidentais. A História é uma disciplina que lida com o estudo de vestígios e documentos de épocas pretéritas tendo por vista pensar o passado. Por muitos anos, o contexto de produção da Bíblia foi simplesmente ignorado, uma vez que o estudo deste livro estava relegado à teologia. Isto mudou quando “uma série de descobertas, o decifrar da escrita hieroglífica egípcia (1822) e o decifrar da escrita cuneiforme acadiana (por volta de 1857) fez a Bíblia sair do seu ‘esplêndido isola­mento’”. A Bíblia tem sido uma fonte de debates desde que Moisés trouxe do alto do monte Sinai os dez mandamentos entregues directamente por intervenção Divina.

A Bíblia é o texto religioso de valor sagrado para o Cristianismo e outras reli­giões, em que a interpretação religiosa do motivo da existência do homem na Terra sob a perspectiva judaica é narrada por humanos. É considerada pela Igreja como divinamente inspirada, sendo que se trata de um documento doutrinário original­mente compilado pela Igreja Católica para orientação das suas doutrinas.

Origem e formação da Bíblia

Provavelmente, a mais antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora, que se encontra no livro dos Juízes (Jz, 5).O primeiro livro da Bíblia, Génesis, foi escrito por volta de 1445 a.C. e o último livro, Apocalipse, por volta de 90 a 96 d.C.

Quando os hebreus chegaram a Canaã, já havia na terra certo desenvolvimento literário, como por exemplo, o alfabeto fenício (do qual se derivou o hebraico), que já existia no século XIV a. C. Outro documento desta época é o calendário de Gezér, que data mais ou menos do ano 1000 a.C. e é uma (Publicado em freemason.pt) indicação de datas para uso dos agricul­tores. É o documento mais antigo encontrado na Palestina. Outro documento também muito antigo é o sarcófago do Rei Airam, que contém uma inscrição e foi encontrado nos séculos XIV ou XV a. C., em Biblos. Há ainda umas tabuletas encontradas em Ugarit (em 1929), onde estão escritos uns poemas semelhantes aos salmos, datando dos séculos XIV ou XV a. C.

A propagação da palavra séculos depois

a) A data e a autoria da Bíblia:

A Bíblia Sagrada narra à história em um período de 1.600 anos (desde a criação do mundo, até o Apocalipse de João em 95dc, aproximadamente) inspirada por Deus, assim, nela não há nenhuma contradição.

b) As línguas originais:

O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, com excepção apenas de alguns trechos escritos em Aramaico. O Novo Testamento foi escrito em grego.

As línguas originais da Bíblia são portanto: o hebraico, o aramaico (de origem comum ao hebraico) e o grego.

Na época de Jesus a língua falada na Palestina era o aramaico, o hebraico era usado apenas na liturgia (nas sinagogas e no Templo). A língua oficial do “Império Romano” era o latim, mas, a língua falada pelo povo em todo Império era o grego coenê, disseminado por Alexandre o Grande durante as suas conquistas.

Os intérpretes – profetas e sábios

Durante muito tempo, os profetas foram os orientadores do povo de Deus. Os livros proféticos resumem os seus ensinamentos, e na sua maioria foram escritos só mais tarde, pelos seus seguidores. Somente por volta do ano 200 a.C. é que foram redigidos os livros proféticos. Os livros Sapienciais foram o resultado de um estilo literário que esteve em moda durante muito tempo, na época posterior ao exílio. São reflexões humanístico-religiosas. A parti de então surgiram os sábios que raciocina­vam sobre as coisas da natureza, tirando delas ensinamentos para a vida. Foram acrescentados aos livros sagrados nos últimos séculos a.C., sendo os mais recentes livros do A T.

A nova tradição da era cristã

O Novo Testamento não foi escrito com a finalidade de ser acrescentado à Bíblia. No tempo de Cristo e dos Apóstolos, o livro sagrado era apenas o Antigo Testamento. O próprio Jesus Cristo se baseava nele nas suas pregações. E Ele mandou apenas pregar, e não escrever. Foi quando uma nova tradição oral se foi formando. E após a morte de Cristo, os apóstolos saíram pregando e a palavra de JC começou a ser escrita. O evan­gelho de João só foi escrito em torno de ano 100 d.C.

A montagem da Bíblia

Ao longo dos anos, os arqueólogos foram encontrando, pouco a pouco, os rolos escritos em papiro [folhas de uma planta] e pergaminho [pele de animal] e juntaram-nos como sendo um único livro. Todos os manuscritos originais do Antigo e do Novo testamento foram perdidos; os textos existentes hoje nas línguas originais são basea­dos em cópias dos documentos autênticos. Até pouco tempo atrás, o manuscrito completo do Antigo Testamento mais antigo era de 916dC. Em 1946, foram achados vários manuscritos destes livros em onze cavernas de Qumram [situado a 2 quilómetros do oeste do extremo norte do mar Morto]. A maior parte destes manuscritos é do primeiro século A.C. e do primeiro século d.C. Foram encontrados ali manuscritos quase inteiros, sendo os de Isaías os mais famosos, com partes de todos os livros do Antigo Testamento, menos de Ester.

As primeiras versões

No ano 382dC, começou a ser elaborada a Vulgata Latina [tradução para o latim] por Jerónimo, a pedido de Dâmaso, que era o papa daquela época; este trabalho somente foi concluído em 404dC. A primeira versão da Bíblia escrita em português foi o Novo Testamento, traduzido por João Ferreira de Almeida em 1681.

A divisão em capítulos e versículos

O primeiro texto hebraico do Antigo Testamento foi dividido em versículos entre os séculos IX e X A.C., por estudiosos judeus chamados de massoretas.

Até o século XVI, as bíblias eram publicadas somente com a divisão em capítu­los. Somente em 1560 é que foi publicada a primeira bíblia com os textos divididos em versículos [a Bíblia de Genebra, lançada na Suíça].

A divisão dos textos do Livro Sagrado foi criada para facilitar a memorização e a localização de cada trecho da Palavra de Deus, facilitando assim, o nosso estudo e a nossa meditação.

Entendendo algumas dificuldades concretas

O Sermão da Montanha, em Lucas refere “bem aventurado os pobres”; e em Mateus, “bem aventurados os pobres de espírito”. A diferença consiste no seguinte: Lucas deu um sentido social, mais importante para as comunidades gregas, para as quais escrevia. Mas o de Mateus destinava-se às comunidades judias e queria com­bater uma doutrina dos judeus que tinham uma ideia falsa de pobreza. Para eles, o próprio (Publicado em freemason.pt) facto de a pessoa ser pobre, já lhe garantia a salvação, enquanto outra pessoa, pelo simples facto de ser rica, já estava condenada. Por causa disso ele escreveu “po­bres de espírito”.

As cartas

As cartas de Paulo foram enviadas para serem lidas em público. Em Tessalonicenses 5, 27 há uma alusão a isto. As Epistolas Católicas (universais) são chamadas assim por se destinarem à Igreja em geral. Os Actos dos Apóstolos podem ser considerados a continuação do terceiro Evangelho, pois também foi escrito por Lucas. E o Apocalipse de João, livro profético, foi acrescentado por último.

Nos escritos do Novo Testamento, frequentemente encontram-se citações do Antigo Testamento. É que muitas vezes os Apóstolos queriam tirar dúvidas sobre certas passagens, que tinham falsa interpretação. Nas assembleias, eram lidos escritos do Antigo Testamento e do Novo Testamento, para explicá-los.

O cânon sagrado e o Concílio de Nicéia

No século IV, a Igreja reuniu-se em Concílio em Nicéia, e uma das tarefas era organizar o “cânon”, ou a lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste Concilio, os livros foram estudados e investigou-se quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram considerados legítimos. E estabeleceu-se a ordem ainda hoje conservada.

“A palavra “cânon” vem do termo grego “kanon” que significa “cana’, ou seja,” uma vara recta “ou” um padrão de medida“. Daí deriva o significado secundário que se refere a uma regra ou padrão de conduta uma forma de lei. “O sentido metafórico da palavra cânon é empregue para significar” aquilo que é conforme a regra ou medi­da.

Religiões abraâmicas

As três principais religiões abraâmicas são, em ordem cronológica de funda­ção, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

O judaísmo

Considera-se como a religião dos descendentes de Jacó, um neto de Abraão. Ele tem uma visão estritamente unitária de Deus e o seu livro sagrado central para quase todos os ramos é a Bíblia Hebraica, como elucidado na lei oral.

O cristianismo

Começou como uma seita do judaísmo no século I D.C. e evoluiu para uma religião separada, a Igreja Cristã, com crenças e práticas distintas. Jesus é a figura central do cristianismo, considerado por quase todas as denominações como de origem divina, tipicamente como a personificação de um Deus Trino.

A Bíblia Cristã é geralmente considerada a autoridade máxima, juntamente com a Sagrada Tradição em algumas denominações apostólicas, tais como o protes­tantismo, o catolicismo romano e a ortodoxia oriental.

O Islamismo

Surgiu na Arábia no século VII D.C., com uma visão estritamente unitária de Deus. Os muçulmanos (seguidores do islã) tipicamente apontam o Alcorão como a autoridade máxima da sua religião, como revelado e esclarecido através dos ensina­mentos e práticas de uma central, mas não divino, profeta, Maomé.

Maomé, nascido na cidade de Meca na Arábia, entra em contacto com a cultura judai­co-cristã, e conta à lenda que inspirado por Deus e tendo como base da sua doutrina o Antigo Testamento escreve o Alcorão – o Livro Sagrado do Islã.

Os muçulmanos crêem que as suas escrituras sagradas são a palavra eterna e literal de Deus, que já existia no céu.

A diferença entre a Bíblia católica e a protestante

Demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica chegasse à forma final da Bíblia, com os 72 livros como temos hoje. Em vários Concílios, ao longo da história, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo, estudou e definiu o Índice (cânon) da Bíblia; uma vez que nenhum dos seus livros traz o seu Índice. Foi a Igreja Católica quem promoveu a Bíblia.

Tanakh – A “bíblia” Judaica

Tanakh ou Tanach é um acrónimo utilizado dentro do (Publicado em freemason.pt) judaísmo para denomi­nar o seu conjunto principal de livros sagrados, sendo o mais próximo do que se pode chamar de uma Bíblia judaica. O conteúdo do Tanakh é equivalente ao Antigo Testamento cristão, o Tanakh consiste de vinte e quatro livros.

A palavra Torah tem dois sentidos na tradição judaica. No sentido lato a Torah é o modo de viver, ou “Toda a vastidão e variedade da tradição judaica”. É sinónimo de ciência, sabedoria, amor a Deus. Sem ela, a vida não tem sentido nem valor.

O Alcorão – Islâmico

O Islamismo é um sistema religioso fundado por Maomé. Os muçulmanos seguem os ensinamentos do Alcorão e tentam seguir os Cinco Pilares.

No sétimo século, Maomé clamou ter recebido uma visita do anjo Gabriel. Durante estas visitas do anjo, as quais continuaram por cerca de 23 anos até a morte de Maomé, o anjo aparentemente revelou a Maomé as palavras de Alá (a palavra árabe usada pelos muçulmanos para “Deus”). Estas revelações ditadas formam o que hoje conhecemos de Corão ou Alcorão, o livro sagrado do Islamismo. Islã signifi­ca “submissão”, derivando de uma raiz que significa “paz”. A palavra muçulmana significa “aquele que se submete a Alá”.

Alcorão ou Corão é, portanto a “bíblia”, o livro sagrado do Islã. Os muçulmanos crêem que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Maomé (Muhammad). A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa declamar ou recitar.

Os evangelhos apócrifos

Etimologicamente, o termo “apócrifo” significa: “oculto”, “escondido”. É usado para designar os 14 ou 15 livros, ou partes de livros que, em algum tempo, foram colocados entre os livros do Velho e do Novo Testamento. Eles aparecem anexados nas versões Septuaginta e Vulgata Latina.

Os Evangelhos apócrifos são livros que descrevem a vida de Jesus, mas que a maioria das igrejas cristãs considera ilegítima. Por isso, eles não entram no cânon – conjunto de textos considerados sagrados – da Bíblia. Além dos evangelhos, porém, há outros tipos de apócrifos que descrevem, por exemplo, a origem e o fim do mundo, como fazem o Génesis e o, Apocalipse bíblicos respectivamente.

Contextualização – A Bíblia Sagrada e a Maçonaria

Uma vez realizado estudo bíblico, verifica-se a presença de varias religiões Abraâmicas, todas são monoteístas e concebe Deus como uma figura de um criador omnipotente, transcendente e a fonte divina da lei moral, as características das suas narrativas sagradas partilham muitos dos mesmos valores éticos, históricos, lugares ocorridos, embora existam muitas diferenças com base em detalhes de doutrina e prática. Desta forma a maçonaria também esta contextualizada, inserida neste seguimento uma vez que não hesita em distinguir religião. Todas são aceitas sem distinção. Os valores descritos em varias passagens do livro da lei concatenam com a maçonaria.

Bateria

À porta do Templo (Lucas – cap. 11, ver. 09).

  • Batei e sereis atendidos.
  • Pedi e recebereis.
  • Procurais e achareis.

Iniciação

Viagens – Encaminharei os cegos para a estrada que não sabes. Fá-lo-eis andar por veredas que sempre ignoraram (Isaías – cap. 42, ver. 16).

Purificação pela água e pelo fogo – Quando passares pelas águas eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão. Quando passares pelo fogo não te queimará nem a chama arderá em ti. (Isaías – cap. 43 ver. 02).

Nem nu nem vestido – Não te chegues para cá. Tiras as sandálias dos pés porque a terra que estás é terra santa. (Êxodo- cap. 03 ver. 05).

– Então disse o Senhor: Assim como Isaías, meu servo andou três anos despido e descalço… (Isaías – cap. 20, ver. 03).

Espada flamejante

Depois de o iniciado receber a “Luz” o venerável proclama-o Maçom, por três vibrações ou fagulhas do fogo divino. Simbolicamente morto para o mundo profano o iniciando habilita-se para uma nova vida.

E expulsou o homem, colocou Querubins no oriente do Jardim do Éden, e o flamejar de uma espada para guardar o caminho da árvore da vida”. (Génesis – cap. 03, ver. 24).

Sigilo maçónico

Edificava-se o Templo com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro se ouviu no Templo quando o edificavam”. (Reis III – cap. 06, ver. 07).

Pedra bruta

Chegando-vos para ele a pedra que vive, rejeitada pelos homens, mas para Deus, eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edifica­dos casa espiritual…”. (1° Livro – Epíst. de Pedro – cap. 02, vers. 04 e 05).

A taça sagrada

Porque na mão do Senhor há um cálice, cujo vinho espuma cheio de mistura, dele dá a beber, servem-nos até escórias, todos ímpios da terra”. (Salmo – cap. 75, ver. 08).

Amor ao próximo

O ritual do 1° Grau é abundante de citações de amor (Publicado em freemason.pt) Ao próximo. “Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é que vos ameis uns aos outros”. (1° livro – Epíst. De S. João, cap.03, ver. 11).

Os três passos do aprendiz

Os passos em esquadria significam que o passo é justo, é recto. Significa que a rectidão é necessária a quem deseja vencer na ciência e na virtude.

A vereda do justo é plana; tu que és justo, aplanas a vereda dos justos”. (Isaías – Cap. 26, ver. 07).

Marcelo Santos Pedro

FONTE: https://www.freemason.pt/a-biblia-e-a-maconaria/

Bibliografia

  • Blog O Aprendiz Por Walter Sarmento – Extraído da Revista Maçónica – O LIVRO DA LEI E A MAÇONARIA.html – Irmão Milo Bazaga
  • htpp://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%Adlia htpp://bibliacatolica.com.br/conhecendo-a-bibliasagrada/3/#.UxxSGT9dWyx
  • http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/historia da igreja/primeiro concilio ecumenico de niceia.html
  • https:/sites.google.com/site/nitroinclusaodigital/historia-da-biblia-sagrada

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