A ORIGEM DA MAÇONARIA

No início de sua história, a Maçonaria, só admitia em seu seio os que praticavam a arte da construção. Era a época das grandes catedrais, das pontes, das cidades “modernas” . A arquitetura, então, era considerada uma arte real porque tinha a simpatia da nobreza, e uma arte sagrada porque a maioria de seus obreiros se empenhavam na construção de templos destinados ao culto de Deus.

Mas, para muitos, a origem das sociedades secretas de construtores, chamadas Guildas, na Europa (que atingiu seu auge no século XVIII), está vinculada à criação, em 1.118, da Ordem dos Templários (Soberana Ordem dos Cavaleiros do Templo de Jerusalém), a mais importante ordem religiosa militar de todo o período medieval. Sua função seria garantir a guarda dos lugares santos da Palestina (as cidades onde Jesus tinha vivido) e proteger os cristãos peregrinos . Os cavaleiros da Ordem obedeciam a regras bastante rígidas: faziam voto de castidade, pobreza e obediência, assumiam o compromisso de aceitar combates em que um único templário enfrentaria até três inimigos.

A Ordem dos Templários estava dividida em três classes: a dos Clérigos ( formada por sacerdotes), a dos Irmãos Leigos (que serviam como escudeiros) e a dos Cavaleiros (os soldados, a força combatente). Os cavaleiros tinham, obrigatoriamente, origem nobre, e cabia a eles governar a instituição.

Como única força militar organizada da época, os Cavaleiros do Templo formavam também o contingente dos exércitos europeus. Iam para as Cruzadas (missões militares que pretendiam transformar a Palestina em território cristão) e traziam muitas riquezas do Oriente. Além disso os Templários revelaram-se hábeis negociantes, e souberam beneficiar-se da necessidade que os governantes tinham de seus serviços transformando-se, em pouco tempo, em donos de uma incalculável fortuna em ouro. Províncias inteiras foram colocadas sob sua guarda, e os templários acabaram por se tornar verdadeiros “senhores do mundo” , livres do pagamento de impostos e subordinados apenas ao papa.

Ao mesmo tempo, os templários enviavam trabalhadores cristãos para a construção de estradas, pontes, igrejas e fortalezas no Oriente. Mas, apesar de todo o seu poder, a Ordem dos Templários teve vida curta. Seu ouro despertava a cobiça de muitos reis, e, no início do século XIV, Felipe, o Belo, rei da França, em acordo firmado com o papa Clemente V, instaurou um severo processo contra os templários. Como pretexto, utilizaram as cerimônias iniciáticas da Ordem, classificado-as como heréticas (contrárias à religião católica). Acusados por práticas demoníacas, feitiçaria e adoração de ídolos, cerca de 15 mil templários foram condenados a morte nas fogueiras da Inquisição entre eles seu mais famoso líder Jacques de Moley, enquanto Felipe apossava-se de todos os seus bens. Embora oficialmente extintos, os templários não deixaram de existir. Os trabalhadores enviados para as construções no Oriente voltaram para a Europa trazendo em sua bagagem uma série de novos conhecimentos que influenciaram os construtores europeus. Agruparam-se em corporações chamadas Compagnonnage (Companheirismo, em francês) e por uma série de afinidades, principalmente profissionais, aproximaram-se das Guildas. Quando esses grupos uniram, mesclando seus conhecimentos e suas tradições, nasceu a chamada Maçonaria Operativa , que mais tarde viria a se tornar a Maçonaria Moderna.

No final do século XVI, as tendências filosóficas mais liberais ganhavam força em toda a Europa. As ciências naturais, a indústria e o comércio evoluíam como nunca acontecera antes. Com todo esse avanço, os segredos de construção – até aquele momento muito bem guardados pelos membros das Guildas – estavam ao alcance de todos. Dessa maneira, as organizações formadas pelos francomaçons (construtores livres) perdiam seu sentido. Então, para se renovar e recuperar forças, a Maçonaria abriu suas portas a qualquer homem de bem que nela desejasse ingressar. É nesse momento que nasce a Maçonaria Moderna, chamada de especulativa ou filosófica. Nela, ingressam artistas, filósofos, enfim, livres-pensadores de todo o mundo, que passam a ser conhecidos como maçons aceitos.

É em Londres, em 24 de junho de 1.917 que se forma a primeira Grande Loja Maçônica do mundo. Exatamente na Inglaterra, berço do Protestantismo, onde o rei Henrique VIII erguera-se contra o Vaticano fundando a Igreja Anglicana. Por esse motivo, grande parte dos maçons aceitos era protestante, e, no ano de 1.723, quando é promulgada a 1ª Constituição Maçônica ( elaborada pelo reverendo anglicano James Anderson), a Maçonaria concede a seus integrantes liberdade de culto, exigindo apenas a crença em um deus único: “O Grande Arquiteto do Universo”.

A reação da Igreja Católica contra essa liberalidade demorou quinze anos, até que o papa Clemente XII, em documento oficial, acusa os maçons de heresia e ameaça os fiéis que se aproximassem da Ordem com a excomunhão. Nos países católicos, como Itália, Portugal, Polônia e Espanha, muitos maçons são perseguidos pela Inquisição e condenados à morte.

Diante desse quadro, os maçons não tiveram outra alternativa senão começar a agir secretamente. Seus encontros passaram a acontecer em desertos pátios de igrejas, altas horas da noite. E, mesmo assim, eles não deixaram de atuar na sociedade em que viviam, mantendo em segredo sua condição de maçom. Um grande número deles ingressou na política e participou de lutas sociais, sempre na defesa das causas libertárias e progressistas. Influenciaram episódios importantes como a Revolução Francesa ( no século XVIII ) a independência dos Estados Unidos e de muitos países da América do Sul, em cada país, em cada cidade, instalou-se uma loja maçônica. E seu ideal de Igualdade, Liberdade e Fraternidade – o lema da Revolução Francesa – nunca mais deixou de fazer eco em todo o mundo.

A história da Maçonaria no Brasil confunde-se com a própria história do país. Desde que a primeira Loja Maçônica brasileira foi fundada em Salvador, Bahia, no ano de 1.724, os maçons passaram a influenciar, com seus ideais de liberdade e igualdade, os mais importantes episódios políticos nacionais.

Na abolição da escravatura, por exemplo, os projetos de Leis que antecederam a Lei Áurea ( que viria a acabar definitivamente com a escravidão negra) foram todos de autoria de políticos maçons. A “Lei do Ventre Livre” , que determinava que toda criança filha de escravos nasceria livre, foi apresentada pelo Visconde do Rio Branco e apoiada por José Bonifácio, ambos maçons.
Além disso, a Maçonaria teve influência decisiva na luta pela Independência. O primeiro grande movimento libertário nacional, a Inconfidência Mineira, foi liderado por Tiradentes, que pertencia a uma loja maçônica de Minas Gerais. E, em 1.822, quando o Brasil tornou-se de fato independente de Portugal, os principais articuladores da libertação, José Bonifácio e Joaquim Gonçalves Ledo, além do próprio D.Pedro I, eram maçons.

Aliás, a história da Independência foi um pouco diferente daquela narrada pelos livros de escola: D. Pedro I tinha sido iniciado na Loja Maçônica Comércio e Artes nº 1, do Grande Oriente do Brasil, no Rio de Janeiro, no início de agosto de 1.822, e no dia 20 desse mesmo mês os maçons reuniram-se para redigir um documento de declaração de Independência do país. Enquanto isso, D. Pedro estava em São Paulo. O mensageiro enviado pelos maçons para entregar o documento ao imperador demorou um pouco a encontrá-lo, de modo que a Independência só foi oficialmente proclamada no dia 7 de setembro.

Os maçons sempre foram alvo de perseguições, uma vez que sempre defenderam as eleições livres e diretas, além de se manifestarem a favor de uma distribuição de terras mais justa (reforma agrária) e da liberdade de todos expressarem suas opiniões.

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