Discreta, mas não Secreta: Maçonaria no combate à corrupção

Entidade abraçou a causa por conta da naturalidade com que o problema vem sendo tratado

Conhecida por atuar nos bastidores, sem publicidade às suas ações políticas e filantrópicas, a maçonaria chamou atenção na última semana por assumir publicamente a causa do combate à corrupção. Envolta há séculos por uma aura de mistério sobre suas práticas e ritos, a instituição tem buscado mudar o conceito de sociedade secreta que a acompanha.

A máxima da entidade é: somos uma sociedade discreta, não secreta. Um busca rápida ao Google traz 2,6 milhões de resultados da palavra maçonaria. Boa parte das informações não passa de lenda urbana, mas muitas lojas mantêm sites oficiais com explicações sobre o que é a entidade e como ela atua.

—  A maçonaria tem instalações físicas, endereço e CNPJ — diz o empresário e grão-mestre do Grande Oriente do Brasil-SC, Wagner Sandoval Barbosa, justificando que as pessoas sabem da existência da instituição e que ela não é secreta.

Campanha contra corrupção

Para Barbosa, a maçonaria continua mantendo a discrição mesmo depois de assumir publicamente o combate à corrupção. Segundo ele, o que motivou a entidade a abraçar a causa foi a indignação com a naturalidade com que o problema vem sendo tratado. Há quatro anos, a maçonaria apoia a campanha O que você tem a ver com a corrupção?, do promotor catarinense Affonso Ghizzo Neto.

— Mesmo discreta, a maçonaria sempre participou de vários movimentos. E ela continua discreta. O fato de a gente estar apoiando essa campanha agora é porque chegou em um estado preocupante — afirma.

De acordo com o executivo João Eduardo Berbigier, grão-mestre da Grande Loja de Santa Catarina, essa luta contra a corrupção é um movimento nacional da instituição que deve ter vários desdobramentos.

— Nós temos uma juventude que não pode se acostumar com a ideia de que isso é normal, que vai ser sempre assim e que nunca vai mudar. E nós entendemos que temos massa crítica para fazer essa diferença — diz Berbigier.

A sociedade dos irmãos em Santa Catarina

Em Santa Catarina, há 11 mil maçons e 366 lojas (templos onde são realizadas as reuniões e encontros). Eles se chamam de irmãos e se distribuem em três organizações: Grande Loja de Santa Catarina, Grande Oriente Brasil-SC e Grande Oriente Santa Catarina — administrado pelo grão-mestre Alaor Tissot.

No Brasil, são 120 mil maçons e cerca de 5 mil lojas. A instituição tem fama de ter influência política nos três poderes no Estado, no Brasil e no mundo, mas os catarinenses dizem que são a minoria.

— Nós fazemos parte da sociedade, então, nós temos irmãos em toda a sociedade, em todos os partidos. A nossa preocupação não é com os maçons políticos, até porque eles são minoria — afirma Berbigier.

Os maçons contam que muitos movimentos históricos como a Independência do Brasil, a Proclamação da República e acontecimentos históricos em outros países foram capitaneados por irmãos. Segundo Berbigier, nas lojas não se discute política partidária e qualquer integrante que se envolver com corrupção e não mantiver a conduta idônea pregada pela entidade é excluído da maçonaria.

:: Como eles são iniciados

Para ser iniciado na maçonaria é preciso ser convidado por um maçom que tenha, no mínimo, grau 3 — a graduação vai de 1 a 33. Antes de fazer o convite, os irmãos observam as relações familiares e profissionais do possível candidato e analisam sua conduta.

— O que interessa é se a pessoa tem um patrimônio moral, não patrimônio material — diz o grão-mestre João Eduardo Berbigier, da Grande Loja de Santa Catarina.

Os integrantes devem estar disponíveis para ajudar um irmão quando forem convocados.

— Temos ética para ajudar os irmãos. Nunca se admite que, para ajudar, você prejudique outra pessoa — afirma o grão-mestre Wagner Sandoval Barbosa, do Grande Oriente do Brasil-SC.

A idade mínima para ser convidado é 18 anos, para filhos de maçons que já participam de grupos de jovens ligados à instituição, e 21 anos para outros homens. Além da conduta honesta, o pré-requisito para ser maçom é acreditar em um ser superior e criador, chamado pela fraternidade de Grande Arquiteto do Universo. Todas as crenças e religiões são respeitadas.

Embora os maçons neguem que tenham segredos, os ritos dos irmãos são mantidos em sigilo. A filosofia prega uma lei do silêncio e só se pode conversar entre irmãos sobre o que acontece nas lojas. Outra prática é a utilização de símbolos para transmitir os ensinamentos.

—  Talvez por isso (pelo mistério) a maçonaria tenha atravessado milhares de anos —avalia Barbosa.

Fonte: Mayara Rinaldi | mayara.rinaldi@diario.com.br

Matéria sugerida pelo Irmão Atila Duque (ES) – http://www.facebook.com/atilacorretorduque

Leonardo Loubak
Leonardo Loubak
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