A LOJA DISTINTIVA E SUA SUCESSORA, A LOJA COMMERCIO E ARTES

Como já vimos no Capítulo anterior, a Loja Distintiva foi fundada em Niterói em 1812 e tinha em seu estandarte um índio de olhos vendados e manietado com grilhões e um gênio em ação de o libertar, uma referência claramente republicana e revolucionária.
Estava localizada na freguesia de São Gonçalo da Praia Grande, dela fazendo parte, entre outros, o Cônego Belchior Pinheiro de Oliveira, José Mariano Cavalcante de Albuquerque, Antonio Carlos Ribeiro de Andrade Machado e Silva (irmão de José Bonifácio), Coronel Luiz Pereira da Nóbrega, Tenente-Coronel José Joaquim da Gama e Silva e o Sargento-Mor José Joaquim da Rocha.
(Sem querer desmerecer nosso herói nacional, o Tiradentes, mas como estamos lidando com a “História que a História não conta”, o mencionado Sargento-Mor José Joaquim da Rocha, que participou da Inconfidência Mineira, de acordo com os Autos da Devassa, em seu depoimento declarou que “Tiradentes era vaiado por seu físico incomum e por viver perguntando a esmo o que faria Minas feliz!”)
Não se sabe exatamente quando a Loja Distintiva foi fechada, mas em 15 de novembro de 1815, por iniciativa de Gonçalves Ledo que servia como Oficial-Mor na Contadoria do Arsenal de Guerra, com outros Maçons, reuniram-se na casa do Dr. João José Vahia com a finalidade de fundarem uma Loja com o título distintivo de Commercio e Artes, adotando o Rito Adonhiramita e sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano.
Entre seus membros já havia a intenção de se desligar da Potência portuguesa, que exercia uma espécie de tutela sobre os Maçons brasileiros. O líder dessa iniciativa foi Joaquim Gonçalves Ledo.

Livro A história que a Historia não conta: A Maçonaria na Independência do Brasil
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Sem querer contestar o título que a História oficial concedeu ao Maçom José Bonifácio, de “Patriarca da Independência”, já que estamos contando a “História que a História não conta”, outro Maçom, Joaquim Gonçalves Ledo, foi o verdadeiro “Grande Arquiteto da Independência”.
Nasceu em Cachoeira de Macacu no Rio de Janeiro em 11 de dezembro de 1781. Estudava na Universidade de Coimbra, não se bacharelando em virtude da morte de seu pai, que o fez retornar ao Brasil em 1808 trazendo na bagagem apenas um título de Mestre Maçom.
Não faremos aqui sua trajetória política, que se estenderá pelos capítulos seguintes. Por ora, destacaremos sua incansável busca por elementos que poderiam ajudá-lo em seus ideais separatistas, levando para a Maçonaria inúmeros militares, como os Brigadeiros Luiz Pereira da Nóbrega, Domingos Alves Branco Muniz Barreto e José Joaquim da Gama e Silva, os Majores Francisco de Paula Vasconcellos, Albino dos Santos Pereira, Manoel dos Santos Portugal e Pedro José da Costa Barros, os Capitães João Mendes Vianna e Manoel José de Oliveira, além de grande número de oficiais de menor patente.
Os trabalhos em prol da independência do Brasil pela Maçonaria, capitaneada pela Loja Commercio e Artes, foram tão intensas que se chegou a instalar o primeiro Grande Oriente do Brasil, formado por Lojas da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, tendo como Grão-Mestre interino Antonio Carlos de Andrada Machado e Silva, irmão de José Bonifácio.
Todavia, em virtude da Revolução Pernambucana, em que participaram inúmeros Maçons e a Conspiração Liberal de Lisboa, liderada pelo ex-Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, o General Gomes Freire de Andrade, ambas ocorridas em 1817, D. João VI proibiu o funcionamento de sociedades secretas e as Lojas então existentes foram fechadas.
As perseguições aos Maçons se intensificaram quando se descobriu que no próprio Paço funcionava a Loja São João de Bragança e dela faziam parte o Marquês de Angeja e o Conde de Paraty.
Embora também a Loja Commercio e Artes tenha sido fechada, os trabalhos não cessaram, acobertados no Clube Recreativo e Cultural da Guanabara, fundado e dirigido por Joaquim Gonçalves Ledo, que continuou investindo em novos conspiradores, como o Vice-Almirante Rodrigo Pinto Guedes, o Juiz da Alfândega Targini, os Desembargadores do Paço Luiz José de Carvalho e Mello e João Severiano da Costa, além de inúmeros outros funcionários públicos.
Com a partida de D. João VI para Portugal, o Príncipe Regente, D. Pedro, abrandou a vigilância sobre os Maçons e em um domingo, 24 de junho de 1821, depois de um jantar na casa do Capitão de Mar e Guerra José Domingues de Athayde Moncorvo, foi reinstalada a Loja Commercio e Artes.
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