LIBERDADE, UM GRAU DA MAÇONARIA
Relacionamos diretamente liberdade com direito. Temos em mente que se posicionar ou concretizar um desejo traz satisfação e sensação de independência. Com isso cremos ser a liberdade um direito natural. Esta é uma visão utópica e romântica, uma vez que nosso olhar é míope em relação aos limites da liberdade e entendemos os limites como limitadores e não como balizadores.
Temos dificuldade em estabelecer seu alcance. Em razão desta miopia é necessário entender liberdade como um balizador de nossa ação concreta no mundo a partir de marcos, nos quais estabelecemos parâmetros, onde a liberdade possa, de fato, ser exercitada e se transformar em ação, tanto no plano pessoal e, principalmente, no que se refere ao bem comum.
A liberdade é um fim em si mesma somente quando acompanhada do dever. Sobre os parâmetros éticos, e aí se incluem os limites da liberdade, a famosa sentença do filósofo alemão Emmanuel Kant, no século XVIII esclarece bem:
“Age como se a máxima da tua ação fosse para ser transformada, através da tua vontade, em uma lei universal da natureza.”
Ou seja, se você exercendo a liberdade como um dever e se todos agirem como você, o mundo será melhor? E se, por outro lado, você se desvirtuar do dever e todos agirem como você, o mundo estará pior? Este é o teor da mensagem da ética do filósofo. No plano dos limites, será que eu posso exercer a liberdade a ponto de comprometer, ou seja, de matar a própria liberdade?
Na Maçonaria temos um exemplo claro: Os Landmark. Esses marcos de referência não restringem nem ampliam os labores; apenas fixam pontos para o balizamento estrutural e administrativo.
A própria condição física de um Landmark, que é uma pedra fixada em um campo, não cerca nada, apenas indica que “para lá é uma coisa” e “para cá é outra coisa”. Indica distancias, alertas e instruções, mas não lhe proíbe nada, não lhe tolhe a liberdade de escolher o caminho, mas lhe chama para a responsabilidade do caminhar.
Assim, liberdade não é simplesmente um direito, mas resultado do cumprimento de regras, que, em instância superior, são leis a que chamamos de deveres, que garantem o convívio em sociedade, esta superior ao indivíduo. Nisto se assenta a dimensão social da liberdade, onde o coletivo se sobrepõe ao individual.
MAÇONICAMENTE, LIBERDADE É O DIREITO DE FAZER TUDO.
TUDO QUE A LEI PERMITE!
Há dois pontos que devemos esclarecer sobre as leis: O primeiro é que o Maçom respeita as leis por princípio e juramento. Como cidadão ordeiro, lhe cabe o papel de cumprir e fazer cumprir as leis. Caso a sociedade tenda a se conduzir por distorções de leis opressoras, deve-se envidar todo esforço para a mudança da lei junto às instâncias que a criaram.
O segundo ponto é reafirmar que o Maçom é um homem livre, mas só se manterá nesta condição se tiver bons costumes; e assim compreendemos a vinculação direta da liberdade com o dever, sempre relacionado ao outro.
Como em todo grupamento humano há leis que organizam a convivência e sobrevivência e na Maçonaria não é diferente. Porém, para além das Instituições, a Maçonaria como Ordem é regida exclusivamente pelas Leis da Moral da Ética.
Nossa estrada não é cercada por arame farpado e toscos troncos, mas há uma corda com nós e colunas que não existem para limitar os espaços materiais, mas para expandir o tempo da consciência.
A liberdade consciente advinda dos Sãos Princípios da Moral e da Ética nos projetam para um nível superior. Um grau de marcha serena, batida discreta, numeral infinito, avental branco, o toque é um abraço sincero; são as divisas de Libertas et Pax. A isso chamamos de civilização. Seu oposto é a barbárie.
Seguimos neste 16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.
Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grão-Mestre – GLMMG 2021/2024
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