AVENTAIS MAÇÔNICOS

Terminamos nossos trabalhos simbolicamente à meia-noite. Aí despimos o Avental, mas o nosso “eu” continua conosco, invisível. É a nossa consciência.
A) O SÍMBOLO MATERIAL E ESPIRITUAL
Avental – É um dos símbolos mais importantes da Maçonaria, constituindo, praticamente, a parte principal do traje maçônico. Relembrando as origens operativas da Instituição maçônica, sendo ele o único signo externo do período operativo.

A verdadeira insígnia do Maçom. É de cor branca, de pele de carneiro ou tecido que a substitua, quadrangular, com 35 cm de altura e 40 cm de largura, com abeta triangular, preso à cintura por um cordão ou fita da cor da orla. Porque essa cordinha que serve para fixar o avental, tem mais um objetivo muito importante, noutros planos, além do plano material. Ela serve como elemento de retenção da força, da energia que é captada por nós nessa corrente que formamos, captada de forma especial quando erguemos nossa mão para o alto. Tem as seguintes características: todo branco, para o Apr.’. e Comp.’., e branco, orlado de fita de seda chamalotada azul-celeste de 5 cm de largura, com três rosetas dispostas em triângulo, para o M.’. M.’.. No Gr.’. de Apr.’., a abeta se conservará sempre levantada.
O Avental dos VVig.’. é o Avental de M.’., sendo que, por baixo da abeta, descem dois pendentes de fita da mesma cor da orla, cujas extremidades são ornamentadas com franjas prateadas. No do V.’. M.’., as rosetas são substituídas por três “Taus” invertidos, de metal branco. Os Ex-VVen.’. terão o mesmo Avental do Ven.’., só que os “Taus” estarão recobertos por tecido idêntico ao da orla.
Entre todos os símbolos com que nos deparamos em Loja, nessa infinidade de símbolos que devemos interpretar, entender e aplicar, nós notamos que o Avental se destaca entre os demais, pois está sempre junto de nós significando que o Maçom deve estar constantemente trabalhando em prol da humanidade.
O Avental é de tal forma importante dentro do simbolismo da Maçonaria, que nós sabemos que muita coisa pode ser mudada em Loja – desde alguns objetos, até o próprio ritual pode ser ligeiramente modificado numa determinada sessão. Mas o Avental não muda. Não se pode entrar em Loja sem ele vestido. Da mesma forma, só se pode tirar o Avental após encerrada a sessão, e fora do recinto de trabalho. Por aí, sente-se a importância do símbolo.
B) A ABETA LEVANTADA

Existem várias interpretações para isso, algumas exotéricas e outras esotéricas e místicas.
Para o momento vamos nos fixar no significado esotérico.
A explicação esotérica, ou analógica, mais corrente e mais de acordo com a mística maçônica, é a seguinte: acreditava-se, na Antiguidade, que a sede das emoções humanas era o epigástrio (“boca do estômago”); o Avental do Aprendiz estando com a abeta levantada

cobriria exatamente essa região. Isso significa que não sabendo ainda trabalhar ele precisa proteger-se, devendo ter o seu epigástrio coberto, para que essas emoções não possam perturbar os
trabalhos da Loja e para que não influam, deleteriamente, na espiritualidade das sessões.
Cumprindo o tempo necessário ao seu aperfeiçoamento, o Aprendiz chegará ao grau de Companheiro quando, já mais evoluído e apto a controlar as suas paixões, poderá usar a abeta abaixada.

Companheiros e Mestres, mais espiritualizados que o Aprendiz, usam os seus aventais com a abeta abaixada, o que, em última análise, significa a permanência da matéria feita pelo homem e a abolição do espírito humano que a gerou, contrariando a doutrina maçônica, que mostra a proeminência das
qualidades espirituais do homem sobre a sua materialidade.
C) A COR DO AVENTAL
O Avental branco que o Ir.’. Apr.’. recebe no dia de sua Iniciação, aquela alvura, significa um compromisso moral, isto é, de zelar pela manutenção de sua pureza.
A cor azul, que no céu aparece ao negro da África é a mesma do amarelo da Ásia, do vermelho da América ou do branco da Europa. O ser humano, independente do credo, cor ou raça, tem iguais em si a mesma angústia e as mesmas fraquezas ante o desconhecido, e por isso ergue os olhos para o céu na busca de uma força maior: o mesmo poder que resulta dessa busca, no caso Deus, é conseqüentemente de todos o mesmo Deus e poder.
É desse poder, no caso dos Maçons, o GADU, que um dos seus fundamentos maiores, o “amai-vos uns aos outros” invade como verdade a consciência de todos. Haveria uma cor melhor para simbolizar a fraternidade universal do que o azul do céu?
Dá para compreender agora a razão do axioma de ser unicamente o azul a cor do avental de Mestre e também a ortodoxia do simbolismo universal, a cor da legítima Maçonaria de São Paulo ou dos três graus, independentes de potências ou ritos.
D) OS TRÊS “T”

Aqueles três “T” que estão separados, se juntados fossem um no outro, sendo dois na horizontal e um na vertical, dentro de um triângulo e este circunscrito num círculo, estaria aí recomposto o símbolo do Real Arco, uma espécie de sétimo grau e que corresponde ao hoje nosso décimo oitavo Rosacruz.
No lugar onde ficavam as rosetas no avental de Mestre, ficam agora no do VM e Ex-VVen.’. os três “T” invertidos, que podem simbolizar a permanente existência do “dual” na vida de todos.
São três as figuras colocadas em posição triangular, o que lembra a divindade do homem (é bom saber que na linguagem sagrada do simbolismo a figura geométrica do triângulo e qualquer numeral ternário evoca Deus, deidades ou a divindade).
E) AS BORLAS COM SETE ESFERAS

No Avental do V.’. M.’. e no do MI, cada uma das fitas pendentes termina por sete pequenas correntes de metal branco, sustentando sete esferas prateadas. São os sete planos da vida evolutiva, sustentadas pelos sete raios do espectro solar. Fazemos algumas restrições a este autor pelo fato de ter pertencido a com-maçonaria e portanto sem uma autoridade maior para ensinar sobre a Regular Maçonaria Universal.
O numeral sete existente nas borlas que prendem as esferas pode por elas também lembrar os sete raios, evocar a divindade existente no homem através do espírito, o (03) que somado à matéria como obra manifestada (04) resulta na perfeição humana (03+04=07) que lhe dá a individual micro-consciência da eternidade do espírito (09), tendo como fim último o encontro desta com a macro-consciência cósmica, onde, numa fusão, existirá a perda individual para o universal, juntando-se ao todo absoluto, a natureza naturante e aturada (10), como soe ser a vida, a morte, Deus, a humanidade e a eternidade.
F) OS AVENTAIS DO GRÃO-MESTRE E DO ADJUNTO

A cor prateada nos aventais principais das Lojas pode ser entendida como passivos diante dos ativos, no caso o Eminente Adjunto e o Sereníssimo Grão-Mestre de uma Grande Loja, em cujos paramentos ressalta sempre o ouro.
Em se tratando de metais, que é onde entra a alquimia, entram também as cores na ajuda do simbolismo dos metais. O chumbo e o ferro, além de densos e pesados, são vulgares e baratos, enquanto o ouro e a prata são metais nobres. Em alegoria da antiga alquimia, a cor dourada referenciava-se ao Sol como Luz Astral, Claridade e Sabedoria, Ouro abstrato de uma transmutação alquímica, operada no chumbo, material denso, que por analogia assemelha-se ao profano, pedra bruta num primeiro plano e auto-transformada em pedra cúbica branca (prata) num segundo plano. Sintomática é a decoração dourada do Grão-Mestre e do Grão-Mestre Adjunto.
G) DEFINIÇÃO DE CORES

FONTES CONSULTADAS:
- Manual de Paramentos e Jóias – C.M.S.B.;
- Este Ensaio foi louvado no trabalho “SIMBOLOGIA DO AVENTAL” –
História e interpretação do Irmão Oswaldo Ortega; - “PREPARAÇÃO PARA O VENERALATO” de Valdemar Sansão (aguardando publicação).
Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
O Avental é um legado que a Maçonaria moderna recebeu da Maçonaria operativa. Esta peça, que foi de tanta utilidade para o Maçom operativo, já que lhe protegia a roupa, transformou-se para o Maçom moderno numa alfaia simbolizando o trabalho do Maçom.