Formação – A corda de 81 nós

Inicialmente, vamos definir a corda. Esta é um elemento que pode ser composto pelos mais diferentes materiais e que tem a finalidade de prender, separar, demarcar ou unir. A sua resistência, salvo casos especiais, está directamente ligada ao número de fios de que é composta e de como é feito o seu entrelaçamento.

 

Já na antiga Grécia, os cabelos longos das mulheres eram usados para fazerem as cordas necessárias para utilização na defesa das cidades.

 

Encontramos no Antigo Testamento, em Eclesiastes 4:12: “Se alguém prevalecer contra um, dois lhe resistirão: o cordão de três dobras não se arrebenta com facilidade“. Os agrimensores egípcios usavam cordas com nós para delinearem os terrenos a serem edificados, sendo que os nós demarcavam pontos específicos das construções, onde deveriam ser necessárias aplicações de travas, colunas, encaixes, etc.

 

Na Idade Média, os construtores da Maçonaria Operativa usavam uma corda com alguns nós feitos a determinadas distâncias uns dos outros, amarrando esta corda entre dois pilares com distância estudada, deixando-a formar uma “barriga” em ângulo desejado. Feito isto, era colocada uma luz (velas) a distância e altura calculadas, ocasião em que a “barriga” mostrava no extremo oposto, através da sua sombra, as dimensões exactas da cúpula que se desejava construir, mercê da figura invertida e aumentada nas proporções. Como exemplo, citamos Thales de Milleto, que instado pelo Faraó a medir a altura de uma pirâmide sem o uso de instrumentos e sem tocar na construção, colocou uma vara fincada no chão, na vertical, com 2m de altura. Quando o sol levou a sombra desta vara a ser projectada com um comprimento exacto de 2m, ele mediu a sombra da pirâmide projectada no solo, que era a própria altura da pirâmide. Avançando mais no tempo, encontramos na Sociedade dos Construtores, embrião da Maçonaria actual, a herança da corda com nós, não necessariamente 81, mas 3, 5, 7 ou 12, que era desenhada no chão com giz ou carvão, alegoricamente fazendo parte de um Painel representativo dos instrumentos usados pelos Pedreiros Livres.

 

Uma das possíveis origens da corda de 81 é-nos datada de 23 de Agosto de 1773, por ocasião da instituição da primeira palavra semestral em cadeia da união, quando, na casa “Folie-Titon” em Paris, tomou posse Louis Phillipe de Orleans, como Grão-mestre da Ordem Maçónica na França. Naquela solenidade estavam presentes 81 irmãos, e a decoração da abóbada celeste apresentava 81 estrelas.

 

Quando queremos fazer uma reunião importante, tomamos cuidado para que não haja interrupção ou intromissão de estranhos no recinto. Fazemos isto, colocando vigias e fechando as portas. Em resumo, cercamos o local e estabelecemos o que podemos chamar de cordão de isolamento.

 

Quando fazemos uma “sessão espírita”, antes de se iniciarem os trabalhos, é feita uma preparação na parte externa do local, ocasião em que “sentinelas espirituais” estabelecem um “cordão fluídico”, que impede a entrada de entidades que possam perturbar os trabalhos com a sua baixa vibração, provocando quadros de obsessão ou de discórdia.

 

Nas reuniões maçónicas, seguindo o ritual, é pedido ao Irmão Guarda do Templo que verifique se o Templo está “a coberto” das indiscrições profanas, somente iniciando os trabalhos após a sua confirmação.

 

A protectora Corda Maçónica, inicialmente riscada do chão, elevou-se depois para junto dos textos dos Templos, significando a elevação espiritual dos Irmãos, que deixaram de trabalhar no chão com o cimento físico e passaram a trabalhar no plano superior com o cimento místico, que é a argamassa da Espiritualidade.

 

Esta corda oferece-nos a protecção pela “Emanação Fluídica” que abriga e sustenta a “Egrégora” formada durante os trabalhos em Templo, através da concentração mental dos Irmãos, evitando que nenhuma energia negativa esteja presente no recinto. As borlas separadas na entrada do Templo funcionam como captores da energia pesada dos Irmãos que entram, devolvendo-lhes esta energia sob forma leve e subtil quando da sua saída. E como a camada de Ozono impedindo a passagem dos raios ultravioleta, favorecendo apenas a penetração do fluído vital para a energização dos nossos chakras, que giram com os seus eléctrons em torno do núcleo, como micro-universos internos. Encontramos ainda, na estrutura dos laços (não chamamos de nós) o símbolo do infinito e a perpetuação da espécie, simbolizada na penetração macho / fêmea, determinando que a obra de renovação é duradoura e infinita. Este é um dos motivos pelos quais os laços são chamados “Laços de Amor”, para demonstrar a dinâmica Universal do Amor na continuidade da vida.

 

Os laços da corda, em forma de oito deitado, ou infinito, lembram ao Maçom que estes laços não podem ser apertados, pois isto significaria a interrupção e o estrangulamento da fraternidade que deve existir entre os Irmãos.

 

Os 81 laços, por serem em forma de infinito, simbolizam também, cada um deles, o Grande Arquitecto do Universo. A expressão algébrica ∞ x 0 = 1 – o infinito multiplicado pelo zero é igual a um – significa que Deus, na sua forma dinâmica, o Infinito, agindo sobre si mesmo, o Zero – isto é, Deus no seu estado de inércia – produziu o Um, ou seja, o Universo.

 

Nos Templos maçónicos, o número 81 simboliza também os princípios místicos de todas as tradições esotéricas, por ser o 81 o quadrado de 9, que por sua vez é o quadrado de 3, número perfeito e símbolo da Divindade.

 

No Oriente, a corda é colocada de modo a que fiquem 40 laços à direita e outros tantos à esquerda do dossel, ficando o laço central exactamente sobre o dossel, representando o número UM, a unidade indivisível. O número 40 é apresentado inúmeras vezes no Antigo Testamento, em Génesis 7:4; Êxodo 34:28; Mateus 4:2; Actos dos Apóstolos 1:3, etc. O laço central, por simbolizar também o Criador, é duplamente sagrado.

 

Voltando ainda às laterais com 40 laços, lembramos que este número marca a realização de um ciclo que leva a mudanças radicais. A Quaresma dura 40 dias. Ainda hoje temos o hábito medicinal de colocar pessoas ou locais sob “quarentena” com se nela estivesse a purificação dos males antes existentes. Jesus jejuou por 40 dias no deserto, e permaneceu na Terra 40 dias após a sua Ressurreição. Os Hebreus vagaram 40 anos no deserto.

 

Na Cosmogonia dos Druidas, as Tríades dos antigos Bardos eram em número de 81 e os três círculos fundamentais de que trata esta doutrina têm como valor numérico o 9, o 27 e o 81, todos múltiplos de 3.

 

Ragon, no seu livro “A Maçonaria Hermética”, no rodapé da página 37, diz numa nota, que segundo o Escocês Trinitário, o 81 é o número misterioso de adoração dos anjos. Segundo Oswaldo Ortega, à luz do Esoterismo, os 81 laços que estão no tecto, portanto, próximos do céu, têm ligação com os 81 anjos que visitam diariamente a Terra, como mostram as Clavículas de Salomão, e baseiam-se nos 72 pontos existenciais (os 72 nomes de Deus), da Cabala Hebraica modificada. A cada 20 minutos, um anjo desce à Terra e dá a sua mensagem aos homens. São 72 visitas no curso do dia, se levarmos em conta que a cada hora teremos 3 anjos, em 24 horas, teremos 72 anjos.

 

Agora, somando 72 anjos aos nove planetas conhecidos na antiguidade, e que nos influenciam diariamente, chegamos ao número 81. Sabemos que estes anjos podem ajudar-nos se os chamarmos pelos nomes no espaço de tempo que nos visitam. E eles estão representados no tecto do Templo, através dos 81 laços.

 

No Centro Esotérico da Comunhão do Pensamento é apresentada esta corda, mas sem delimitação do número de laços, já que é considerada sem começo e nem fim, envolvendo o Planeta Terra. Ali ela chama-se Cadeia Áurea de Amor.

 

Jules Boucher referiu-se assim à Corda de 81 Laços:

 

“Pode-se pensar, razoavelmente, que os Maçons especulativos, tendo substituído o “cordel operativo por um cordão ornamental, deram muito naturalmente a este cordão nós em forma de “laços de amor”. Esta espécie de laços, figurando nos brasões o Painel ou Tapete da Loja, enfeixa os símbolos essenciais da Maçonaria, e podem ser considerados como o armorial maçónico”.

 

Autor desconhecido


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