Simbolismo dos números na Maçonaria – O número Seis

A um observador já experimentado, como deve ser o Companheiro Maçom, ressalta, à simples vista do número SEIS (6), um importante aspecto do seu simbolismo. Com efeito, lembrando-se de que o ZERO representa o Espaço Absoluto e, mais, de que o círculo é a representação material desse Espaço, temos, no SEIS a representação simbólica do Microcosmo, ou seja, o homem, cujas limitações estão representadas no círculo.
Ser dotado de inteligência, o homem é um reflexo da Sabedoria do Absoluto. A sua inteligência tem o dom de lhe mostrar a sua origem e de lhe lembrar, sempre, de que ele é uma criatura de Deus, vindo de paragens elevadas para as quais deverá voltar um dia, quando conseguir um desenvolvimento espiritual adequado!
Tal desenvolvimento, capaz de proporcionar-lhe a ventura de ascender a um Plano Superior, livre de todos os percalços do Plano Material, cria, na sua consciência um insopitável desejo de melhorar a sua norma de vida, de desenvolver os seus sentimentos altruísticos e de ansiar pela ascensão rápida em busca de páramos mais altos!
Todos estes propósitos elevados, todo este desejo de ascensão estão, simbolicamente, representados pelo apêndice que se vê à esquerda do círculo que forma o SEIS (6) e que tem o sentido de baixo para cima procurando alcançar o Plano Superior. Esta é uma das subtilezas que passam despercebidas para os profanos mas que não deve deixar de chamar a atenção do Iniciado tão logo alcance ele a Elevação e se dedique, como é exigido aos Companheiros Maçons, ao estudo da simbologia dos números.
Há, ainda, um aspecto simbólico muito mais elevado a ser estudado no número SEIS. É a Estrela de David, emblema do Poder Divino e da fraqueza humana. O Hexagrama, que se encontra suspenso no dossel do Trono do Venerável Mestre de uma oficina Maçónica, é formado por dois triângulos que se entrelaçam, tendo um o seu vértice voltado para cima, enquanto o outro está com o vértice voltado para baixo. Isto forma uma Estrela de SEIS pontas conhecida como Estrela de David.
O triângulo, como se sabe, é a representação simbólica da Trindade Divina nos seus três aspectos. É o Triângulo que está com o vértice voltado para cima que representa esta Trindade Absoluta.
O homem é regido por sete Princípios que, na Maçonaria, são representados pelos sete componentes de uma Oficina. Destes seis Princípios, três representam o Ego (a natureza superior do homem) e que é conhecido normalmente como alma. Estes três Princípios são, também, representados pelo triângulo de vértice para cima e correspondem: o Primeiro Princípio, à Vontade Espiritual, que ocupa o Plano Espiritual e é simbolizada, na Loja Maçónica, pelo Venerável Mestre; o Segundo Princípio é o Amor Intuicional, situado no Plano da Intuição e é simbolizado pelo Primeiro Vigilante; o Terceiro Princípio é a Inteligência Superior, ocupa o Plano Mental Superior e tem o seu simbolismo no Segundo Vigilante.
Estes três Princípios, conforme ficou dito, são representados pelo Triângulo Superior e simbolizam o Macrocosmo, que é o Universo como um todo orgânico, em oposição ao Microcosmo que é Ser humano. O homem é o reflexo de Deus e, por isto, podemos dizer que o Microcosmo é o reflexo do Macrocosmo. Vimos os Princípios que constituem aqueles aspectos superiores que também se encontram no homem, representados, simbolicamente, no Triângulo de vértice para cima e, ainda, nas três Luzes da Oficina. Vejamos agora os Princípios que agem no homem no seu aspecto microcósmico e as respectivas representações simbólicas pelos Oficiais da Loja: o Quarto Princípio é a Mente Inferior, que se desenvolve no Plano Mental Inferior e é, na Loja, representado pelo Primeiro Diácono; o Quinto Princípio é o das Emoções Inferiores, que se localizam no Plano Astral e é representado pelo Segundo Diácono; o Sexto Princípio é, finalmente, o correspondente ao Duplo Etérico e situa-se no Cobridor Interno do Templo.
Estes aspectos do Microcosmo são representados pelo Triângulo que tem o seu vértice voltado para baixo. Dissemos, linhas atrás, que os dois Triângulos se entrelaçam para formar a Estrela de SEIS pontas.
A representação simbólica desta Estrela é muito importante, pois ela representa as das faces da existência e conhecidas pelo homem, ou seja: o Mundo Físico e o Mundo Espiritual. Assim, ela simboliza, com os seus dois triângulos entrelaçados, a unidade do Espírito e da Matéria. É, ainda, o símbolo de Deus que reina sobre o Macrocosmo e o Microcosmo.
O Hexagrama tem, no seu triângulo de vértice para cima, a representação do BEM, enquanto que o que tem o seu vértice para baixo simboliza o Mal. O entrelaçamento dos dois triângulos, no entanto, traz o equilíbrio e reafirma a sentença de Hermes: “O que está em baixo é como o que está em cima”.
Outras representações são atribuídas ainda aos dois triângulos: as forças ascendentes e descendentes; os princípios masculino e feminino e, ainda, a actividade e a passividade. No centro da Estrela formada pelos dois triângulos, que representam os mundos Espiritual e Material, há um campo, poligonal que representa o mundo subjectivo do homem, onde ele se coloca como o veículo das manifestações dos dois mundos: o Superior e o Inferior. Esta será, então, a interpretação completa do simbolismo da Estrela de SEIS Pontas.
Toda Loja Maçónica possui, entre os seus emblemas, uma “Pedra Bruta”, que fica ao lado do Altar do Primeiro Vigilante e uma “Pedra Cúbica”, junto ao Altar do Segundo Vigilante. A primeira, cheia de arestas e reentrâncias, não possuindo uma forma definida, representa as agruras e asperezas do mundo profano que com as suas incompreensões e dificuldades nada concorre para construir de útil e harmonioso e isto porque os ideais do mundo profano, simbolizados na Pedra Bruta, não se justapõem, não se coaptam, não se ajustam aos ideais de outras Pedras Brutas!
A segunda, situada junto ao Altar do Segundo Vigilante, é uma Pedra Cúbica, de faces perfeitamente lisas e iguais que simboliza o paciente trabalho dos Companheiros Maçons que se ocuparam no seu esquadrejamento e no seu polimento, com esmero, evitando que ela se apresentasse com quaisquer arestas contundentes Com Pedras Cúbicas, perfeitamente ajustáveis umas às outras, torna-se possível qualquer construção. A Pedra Bruta simboliza o homem profano, cheio de preocupações, de interesses, de egoísmo, que labuta na sociedade, num dia, a dia de esforços e frustrações, de glórias e Universo, Templo este a que todos nós, os Maçons nos propusemos! Quando se considera apenas o homem, tomando-o como um mundo em miniatura – o Microcosmo – o seu símbolo é a Estrela Flamejante. Quando, porém, se quer simbolizar o mundo em toda a sua extensão infinita, a Estrela de SEIS pontas – o Hexagrama – formada pelos dois triângulos entrelaçados e invertidos será o seu símbolo.
Mas não se pode perder de vista que o Hexagrama representa, nos seus dois triângulos, os aspectos espiritual e material do homem, e o seu entrelaçamento simboliza a interligação destes dois aspectos, prevalecendo a tendência natural de anseio de elevar- se. A este respeito convém lembrar aqui o que diz Leadbeater:
“A evolução do homem é realmente o desenvolvimento do Ego ou Eu superior, mas na imensa maioria das pessoas da actual etapa do progresso humano, o Ego está ainda na infância, pois ainda não se despertou para a verdadeira e deliberada vida do homem no seu próprio plano, nem se apercebeu do que pode aprender mediante a sua encarnação nos planos inferiores. No transcurso do tempo e depois de muitas encarnações, os três princípios superiores desenvolvem-se gradualmente, e o homem vai conhecendo cada vez mais a sua essencial natureza divina”.
Lavrar a Pedra Bruta e trabalhar na Pedra Cúbica são expressões simbólicas usadas na Maçonaria para indicar que o Aprendiz e o Companheiro Maçons se devem dedicar ao estudo de toda a simbologia maçónica, porque é nela que se encontra a verdadeira razão do Ideal Maçónico que deve ser cultuado com dedicação pelos Maçons a fim de que se possa conseguir o progresso espiritual da humanidade!
Boanerges B. Castro